Como os robôs de telepresença estão revolucionando os hospitais brasileiros

Os avanços da tecnologia vêm sendo aplicados na medicina não apenas em forma de novas técnicas de cirurgia ou na atualização de equipamentos tradicionais. A entrada da tecnologia nos hospitais também é caracterizada pelo uso crescente dos robôs de telepresença, que têm como principal objetivo realizar uma integração dessas transformações à atuação e atenção médica. Pensando nisso, veja a seguir como esses robôs estão revolucionando os hospitais brasileiros e fique por dentro dos benefícios da sua atuação.

Para que servem os robôs de telepresença?

Robôs de telepresença são dispositivos móveis que permitem uma integração da máquina ao ambiente por meio de um controle à distância. Esses robôs se diferenciam das demais soluções porque não possuem inteligência artificial. Em vez disso, eles são controlados à distância por alguém capacitado para a determinada função. No caso de hospitais, são robôs controlados pelos médicos.

Nessas circunstâncias, por exemplo, os robôs de telepresença utilizados possuem um sistema de áudio e vídeo integrado. Na imagem, está o médico especialista em determinado assunto. Com a movimentação do robô e a troca de fala, o médico pode consultar e atender o paciente como se estivesse presente no local e não à distância.

Para cirurgias, por sua vez, esses robôs contam com um sistema de controle à distância em que o médico controla os movimentos cirúrgicos a serem realizados.

Como são utilizados nos hospitais brasileiros?

Embora o uso desses robôs nos hospitais brasileiros ainda seja razoavelmente recente, já é possível encontrar unidades de saúde no Brasil que fazem uso dessa tecnologia em prol dos pacientes.

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por exemplo, utiliza essa tecnologia na Unidade de Tratamento Intensivo como forma de auxiliar o atendimento. Quando o médico assistente não está fisicamente presente, os robôs de telepresença ajudam na avaliação da condição médica do paciente e na discussão de quais devem ser os próximos passos a serem tomados em relação ao tratamento.

Outros hospitais brasileiros também vêm utilizando esses robôs, sejam elas mais complexas ou não. O Hospital e Maternidade Brasil e o Hospital Sírio Libanês (todos localizados no estado de São Paulo) são exemplos de hospitais que adquiriram esse tipo de robô.

Robôs de Telepresença no Hospital das Clínicas em SP

Com isso, os robôs estão sendo utilizados desde no atendimento e atenção médica até em situações referentes a cirurgias e procedimentos cirúrgicos mais complexos.

Quais os benefícios estão sendo gerados?

O investimento nesse tipo de tecnologia se justifica pela verdadeira revolução que isso vem causando na realidade dos hospitais brasileiros. Embora o número de robôs do tipo ainda seja mais modesto do que em relação a outros países, por exemplo, os benefícios gerados pelos que já estão atuando em solo brasileiro são perceptíveis. Dentre as vantagens, estão:

·     Aumento da precisão cirúrgica

O uso de robôs de telepresença em cirurgias diminui a necessidade de corte, que se torna minúsculo. A manipulação de instrumentos cirúrgicos é feita de maneira que seria impossível de ser realizada pela mão humana e os próprios instrumentos são menores, mais finos e mais leves. O Hospital e Maternidade Brasil, em Santo André (SP), em maio de 2016, e o Hospital Santa Joana Recife, em abril do mesmo ano, implementaram a tecnologia para o processo cirúrgico de prostatectomia e obtiveram excelentes resultados.

A grande vantagem, portanto, do uso adequado desses robôs é que eles fornecem enorme precisão cirúrgica para uma série de procedimentos. Especialmente para aqueles elegíveis e de maior complexidade, o uso desse tipo de tecnologia é uma verdadeira e positiva revolução.

·     Há menores riscos de infecção hospitalar

Outro benefício importante do uso desses robôs em cirurgias é que existem riscos menores de infecção hospitalar. Como as cirurgias exigem cortes menores, o sistema do paciente fica menos exposto a bactérias e outros agentes contaminantes.

Isso diminui, inclusive, a necessidade de cuidados posteriores à cirurgia e o hospital se beneficia de não precisar lidar com infecções diversas. Para o paciente, o benefício é igualmente grande e diz respeito justamente ao aumento da segurança e a facilidade de recuperação.

·     Oferece a possibilidade de aumento da capacidade de atendimento

O número reduzido de robôs sendo utilizados no Brasil ainda não permite uma modificação muito intensa no fluxo de atendimento desses estabelecimentos, mas com o uso cada vez mais comum dessa solução,  certamente haverá um grande estímulo em relação à suas capacidades e eficiência de atendimento.

Com mais robôs do tipo, os médicos poderão realizar atendimentos mais assertivos de onde quer que estejam, o que aumenta a capacidade de atendimento em geral sem que seja necessário aumentar a estrutura de profissionais na mesma medida. O Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca), no Rio de Janeiro, é um exemplo. Com o auxílio do robô, a instituição tem realizado de dois a três procedimentos cirúrgicos por dia, durante os cinco dias úteis da semana e, além de tudo, a expectativa é operar cerca de dez pacientes com câncer de pescoço ou cabeça por mês. O hospital já realizou cerca de 500 cirurgias com o auxílio da tecnologia em questão, desde a sua implementação.

·     Aumenta a humanização do atendimento

Pode parecer impossível, mas o uso desses robôs também vem aumentando a humanização do atendimento. Isso acontece quando esses robôs são utilizados para conectar pacientes de longa internação com suas famílias — como acontece como R1T1, robô de telepresença usado no Hospital Universitário de Maringá (HUM), no Paraná — ou quando são utilizados de modo que o paciente consiga uma segunda opinião de maneira prática.

Robô de Telepresença utilizado no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM)

O ponto-chave dessa questão é que, utilizando a tecnologia como aliada, é possível que o médico atue mais focadamente nas necessidades específicas do paciente.

A utilização também é feita em outros países?

Os robôs de telepresença estão mudando o panorama não apenas da atuação médica brasileira, mas também de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, de acordo com a Diagnóstico Web, havia cerca de 2 mil robôs em 2014 em uso nos hospitais e as expectativas de expansão dessa tecnologia eram enormes.

Reconhecido por seu sistema de saúde eficiente e impecável, o Canadá também se destaca no uso desse tipo de solução tecnológica. O Humber River Hospital, localizado em Toronto, foi pioneiro na América do Norte em adotar um modelo totalmente digital de hospital. Com o uso intenso desses robôs, o hospital canadense é um exemplo a ser seguido ao dar os primeiros passos nessa revolução tecnológica que só tem a acrescentar na área da saúde.

Com a  maior população do mundo acima dos 65 anos, o Japão não apenas vem utilizando essa tecnologia, como também vem realizando investimentos cada vez mais volumosos no desenvolvimento de novas tecnologias que sejam assertivas como os robôs de telepresença.

O uso dos robôs de telepresença vem revolucionando o atendimento e as cirurgias nos hospitais brasileiros ao gerar mais conveniência, segurança, praticidade e, também, ao delinear um horizonte no aumento da capacidade de atendimento das instituições. Essa, entretanto, é uma tendência global e a expectativa é que cada vez mais os hospitais adotem essa tecnologia, buscando otimizar seus procedimentos e melhorando os resultados para seus pacientes.

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